"Podemos comparar a constituição de um país a uma partitura e os políticos aos seus intérpretes, que têm permanentemente de agir e reagir de acordo com com princípios nela definidos. Numa democracia, esta constituição pode ser contestada e adaptada pelo povo à evolução dos tempos, transformando-se numa espécie de sinfonia de composição colectiva. Da mesma forma que um executante tem de estar permanentemente vigilante e curioso para reexaminar noções anteriormente formuladas de interpretação e execução, também um político tem de estar atento às acções e inacções do seu país no que se refere aos princípios pelos quais os seus eleitores escolheram viver. Exige-se espontaneidade, não só da parte do executante musical mas também do político, que tem de ser suficientemente flexível para ajustar a sua ideia do que deve ser feito à realidade corrente. A este propósito vale a pena sublinhar que existe uma diferença significativa entre espontaneidade, ou flexibilidade, e ausência de uma concepção, ou de um pensamento estratégico. A flexibilidade é essencial para a sobrevivência da democracia, que se alimenta de um diálogo constante entre eleitores, políticos e medidas políticas."
Há muito que conheço o empenho de Barenboim no sentido de superação do conflito entre israelitas e palestinianos. O expoente máximo desse empenho, é sem dúvida a obra que, em conjunto com Edward Said, construiu e mantêm no campo da música, concretamente, a Orquestra Divã Ocidental-Oriental, que reúne músicos israelitas e árabes.
O seu livro Está tudo ligado o Poder da Música (Bizâncio 2009) lê-se num ápice. Como o próprio título indica, ocupa-se da música e da sua íntima relação com o Homem, com a vida, com a natureza. As suas reflexões sobre o conflito Israelitas-Palestinianos são brilhantes, límpidas. As palavras seguintes, de notável lucidez, pronunciou-as em Maio de 2008, a propósito dos sessenta anos do seu país, Israel:
Sou pessimista quanto ao futuro a curto prazo do Médio Oriente, mas optimista quanto ao seu futuro a longo prazo. Ou descobrimos um modo de viver uns com os outros ou matamo-nos uns aos outros.
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